terça-feira, 8 de março de 2011

Perdidos... Mas, logo após a morte?

Ficção não é realidade. Mas quando o assunto é série ou seriado de TV, sempre mexe bastante com a cabeça das pessoas, ou melhor, dos telespectadores, que se tornam aficcionados.

O episódio final de Lost alcançou audiência expressiva em todos os canais em que já foi exibido. Afinal de contas, poucas vezes na história, um seriado de TV causou tamanho interesse.

Os elementos de sucesso foram estabelecidos durante o desenvolvimento da ideia básica do episódio-piloto e também de todos os outros roteiros que fixaram premissas, alinhavaram mistérios e entreteram o público em todo o planeta.

Verdadeiro fenômeno de audiência em todo o mundo, além de vencedora dos prêmios Emmy e Golden Globe, Lost traz uma história que apresenta seres humanos em situações-limite. Aparentemente perdidos numa ilha do Pacífico, após a queda de um avião, 48 sobreviventes (inicialmente) são obrigados a lutar por suas vidas em um ambiente caótico. Alguns entram em pânico. Outros mantém a esperança de serem reencontrados. Muitos descobrem uma força interior que nunca tiveram. Num lugar que bem poderia ser uma dimensão intermediária entre a vida e a morte (para quem acredita nisso), amigos, familiares, inimigos e estranhos deverão trabalhar juntos contra as cruéis adversidades se quiserem continuar "vivos" (todos eles acreditam que estão).

Durante seis temporadas, a série de TV criada por Jeffrey Lieber, J.J. Abrams e Damon Lindelof, que estreou na rede ABC em setembro de 2004, foi exibida internacionalmente em países como Canadá, Austrália, Brasil, Colômbia, França, Alemanha, Grécia, Islândia, Israel, Malásia, Nova Zelândia, Países Baixos (Bélgica e Holanda), Noruega, Espanha e Reino Unido, conquistando com frequência o status de programa de TV mais assistido do mundo, ou um dos três primeiros.

Lost conquistou uma média de 15,9 milhões de telespectadores durante a exibição de sua primeira temporada. Desde o primeiro instante em que "o olho se abre" (nos primeiros segundos do episódio-piloto, o personagem Jack Shepard encontra-se caído no meio de um intrincado bambuzal sob o olhar atento de um cachorro da raça golden retriever), o seriado e seus muito bem elaborados roteiros exploram muitas questões como: o que significa estar perdido? O que é preciso fazer para se encontrar? A tecnologia vai salvar ou pôr a perder a geração de Lost?

Desvendar seus mistérios é um dos principais atrativos. Nenhuma outra série de TV criou uma legião de fãs tão imensa, que utilizasse todas as ferramentas existentes na internet para debater suas opiniões.

O enredo básico de Lost nos faz lembrar imediatamente de textos ancestrais importantes como Robinson Crusoé, de Daniel Defoe e a Odisséia de Homero. Histórias de náufragos, perdidos e heróis que encontraram dentro de si, a força fundamental das superações. Os roteiros, entretanto, não se fixaram apenas nesta premissa fundamental e sim, em mostrar a vida pregressa (anterior) de todos os principais personagens. Quem eram eles antes do vôo? Eram felizes? Ricos ou pobres? Satisfeitos ou entristecidos? A série apresentou em função disso, uma discussão filosófica profunda convivendo com a simples opinião, comum para quem assiste como voyeur (observador crítico), os principais reality shows de momento.

Um seriado com proposta perigosa, diriam muitos, até porque mexia profundamente com a , com o acreditar do público telespectador.

Mas o que era aquela ilha, tão difícil quanto impossível de deixar, criada pela força do pensamento de todos aqueles que estavam presos à ela?

Alguns lá estavam há séculos, outros há décadas, anos, semanas...

Em seu solo, o claro e eterno conflito do bem contra o mal e das superações contra as fixações, as obsessões e suas tão comuns malemolências.

Os produtores de Lost trabalharam como os principais produtores de TV de todo o mundo, ampliando ao máximo o suspense e destruindo tudo aquilo que pudesse perturbar a audiência de seu programa. E o final da série obviamente agradou muitos telespectadores e desagradou outro tanto. O encontro numa fantástica igreja com todos os símbolos e com elementos de todas as crenças revelou aquilo que muitos atentos observadores levaram em consideração durante as primeiras temporadas. Todos os passageiros do vôo 815 da Oceanic estavam mortos, mas não acreditavam nisso...

Todos eles e todos os outros personagens encontrados naquela fantástica ilha haviam sido "perdidos" numa outra dimensão intermediária localizada entre a vida e a morte. Jack, Katie, Sawyer, Jin, Sun, Hurley, Michael, Ben, Juliet, Locke, Desmond, Ana Lucia, Mr. Eko, Paulo, Jacob, Charlie, Sayid, Danielle etc...

Na realidade, já estavam verdadeiramente "perdidos" em vida. Antes de embracarem no vôo de Sidney até Los Angeles. Só se aperceberam realmente da sua situação, após várias etapas de provas, sofrimento e redenção numa fantástica ilha em que incríveis poderes se enfrentavam e onde até forças eletro-magnéticas se faziam sentir. Lost é para sempre uma série inesquecível que soube como nenhuma outra misturar os principais elementos da vida e das boas tramas: drama, comédia, aventura, mistério, ficção e até ficção científica (viagens temporais e possíveis universos paralelos, antes do esclarecimento final).

Perdidos... Os seres humanos criam verdadeiras "prisões" em suas vidas, somente por causa da forma com que pensam e agem. Por que não continuariam fazendo isso numa condição de "não vida"? De toda forma, valeu e muito pela diversão. Afinal de contas, há que se propõem realmente os bons seriados? Qual a quota de diversão e lazer, de entretenimento legítimo e genuíno, que podem nos oferecer? Em função da análise destes quesitos em especial, Lost nos divertiu e muito. Por isso, confira o trailler da Sexta e última temporada da série, clicando no link abaixo:

Promo Finale - Lost - Last Season

Crédito das imagens: Divulgação Buena Vista

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