sexta-feira, 22 de abril de 2011

Retrô-TV - Sliders - Dimensões Paralelas

São muitas as séries de ficção científica que nos falam da existência de portais dimensionais. Mais uma vez, o enunciado da Teoria da Relatividade de Albert Einstein é a base para um seriado de aventura, ação e garantia de bom divertimento.

"Sliders - Dimensões Paralelas" foi exibido aqui no Brasil nos sábados de Sci-Fi do USA Channel e soube entreter toda uma legião de fãs, com roteiros ágeis e sempre muito bem humorados. Mais tarde, os episódios distribuídos pela Universal foram exibidos no próprio Sci-Fi Channel.

Sliders é uma série de televisão de ficção científica norte-americana, exibida originalmente de 1995 a 2000. A série enfoca um grupo de viajantes que "deslizam" entre universos paralelos através de uma estrutura conhecida como "buraco de minhoca" (em inglês: wormhole) ou "ponte Einstein-Rosen".

A série foi produzida por Robert K. Weiss e Tracy Tormé. Foi filmada em Vancouver, no Canadá, para suas duas primeiras temporadas. As filmagens foram depois mudadas para Los Angeles, Estados Unidos, para as últimas três temporadas.

O elenco era formado por Jerry O'Connell (Temporadas 1-4), Cleavant Derricks (Temporadas 1-5), Sabrina Lloyd (Temporadas 1-3), John Rhys-Davies (Temporadas 1-3), Kari Wührer (Temporadas 3-5), Charlie O'Connell (Temporada 4), Robert Floyd (Temporada 5), Tembi Locke (Temporada 5).


Enredo Básico:

Que tal viajar por vários mundos sem sair do seu quintal ? Essa é a premissa de "Sliders - Dimensões Paralelas".

Quinn Mallory, Professor Arthuro, Rembrandt Brown e Wendy Wells foram pegos num vórtice dimensional criado pelo gênio da física Quinn e permaneceram por 5 temporadas deslizando por mundos paralelos ao nosso.

Mundos que podem ter de tudo, desde a América do Norte dominada pelos espanhóis até outra dominada pelos nazistas. Uma São Francisco que vive no período glacial (aliás, o 1º episódio) e outra que é um verdadeiro Jurassic Park. Mundos de um futuro distante ou de um passado mais distante ainda. Ou até mundos dominados por seres que não são humanos e sim a evolução de outras raças.

Ou que tal encontrar você mesmo vivendo uma vida completamente diferente, sendo tudo aquilo que você já sonhou ou o seu pior pesadelo? Que tal viver sendo confundido com o seu duplo? Que tal reecontrar pessoas que já morreram ou conhecer outras que não existem na nossa realidade.

Enquanto os Sliders tentam voltar para a Terra Prime (seu mundo de origem), curta suas aventuras.

Exibição :

Canal USA no final dos anos 90 até 2000.
Sci-Fi Channel em 2008 e 2009 .

Episódios :

1º ano : 10 episódios (1995)/  2º ano : 13 episódios (1996)/ 3º ano : 25 episódios (1996-1997)/ 4º ano : 22 episódios (1998-1999)/ 5º ano : 15 episódios (1999-2000)

Elenco :

Jerry O'Connell  é  Quinn Mallory (1995-1999)
Cleavant Derricks  é Rembrandt "Crying Man" Brown (1995-1997, 1998-2000)
John Rhys-Davies  é  Prof. Maximilian Arturo (1995-1997)
Sabrina Lloyd  é  Wade Wells (1995-1997)
Kari Wuhrer  é  Maggie Beckett (1997-2000)
Charlie O'Connell  é  Colin Mallory (1998-1999)
Robert Floyd  é  Quinn 2 (1999-2000)
Tembi Locke  é   Dr. Diana Davis (1999-2000)

Crédito de Imagens: Divulgação da Universal Studios/ youtube

Clique no link abaixo e assista ao vídeo comercial do piloto da série:

Sliders Pilot Movie | Extended Commercial

Poucas vezes o conceito de viagens interdimensionais que violam o espaço-tempo foi tão bem explorado como em Sliders - Dimensões Paralelas, uma série que sem dúvida alguma deixou muitas saudades e só foi lançada em DVD na Europa e nos Estados Unidos. De toda forma, vale a pena baixar os epísódios da internet. Confira e boa viagem!

domingo, 17 de abril de 2011

True Blood e os vampiros que tomam sangue sintético

Sensualidade e sexualidade, sempre à flor da pele... Assim são mostrados os modernos vampiros nas séries de TV da atualidade. Assim são também os vampiros bebedores de sangue sintético da série da HBO, True Blood.

Vampiros que deixaram seus caixões e que agora vivem entre nós. Sobrevivendo graças ao sangue sintético, eles não precisam mais dos humanos para se alimentarem. Ou assim parece...

 "A pequena cidade de Bon Temps na Louisiana, até que tem uma vida bastante agitada graças aos seus excêntricos moradores. Sookie Stackhouse (Anna Paquin, vencedora de Oscar® por O Piano), uma doce e inocente garçonete que esconde de todos seu poderoso dom, ler as mentes das pessoas; Bill Compton, um vampiro com 173 anos de vida qua acaba de se mudar para o local; Jason, irmão de Sookie, faz muito sucesso com as mulheres e não parece capaz de ficar longe das encrencas; a leal e durona Tara, a melhor amiga de Sookie; Sam, proprietário do bar e restaurante Merlotte, esconde de todos a grande atração que tem por Sookie; Lafayette, um sujeito que sempre está cozinhando algo ilícito e fora do menu. Confira um elenco de personagensd muito interessantes, cada um escondendo seus segredos nas sombras".

De Alan Ball, escritor de Beleza Americana e criador da premiada série A Sete Palmos, chega em DVD True Blood, seriado aclamado pela crítica no mundo inteiro. Já em sua terceira temporada produzida.

"Terrível... Sexy, engenhoso e loucamente imaginável". (USA Today)

True Blood fala sobre a co-existência de vampiros e humanos em "Bon Temps", uma pequena cidade fictícia localizada em Louisiana. A série é focada em Sookie Stackhouse (Anna Paquin), uma garçonete telepata que se apaixona pelo vampiro Bill Compton (Stephen Moyer).
Exibida no Brasil pela HBO, domingo às 22 horas, horário de Brasília. Em Portugal, a série é transmitida em sinal aberto na RTP1, que estreou o programa a 5 de Janeiro de 2010 e exibiu as duas primeiras temporadas durante os meses de janeiro e fevereiro de 2010 pelo canal a cabo MOV.

A primeira temporada recebeu elogios da crítica e ganhou vários prêmios, incluindo um Globo de Ouro, um Emmy e quatro Satellite Awards. A segunda temporada estreou em 14 de junho de 2009 e teve indicações e prêmios significativos, além de ser bastante elogiada pela a crítica. Em 30 de julho de 2009, confirmou-se que True Blood seria renovada para uma terceira temporada, que começaria a ser filmada em 3 de dezembro de 2009, indo ao ar em 27 de junho de 2010. Pela a boa repercussão do seriado, está também confirmada a quarta temporada . Recentemente, o canal a cabo Animax Portugal anunciou que iria transmitir a série.

Numa nova era de evolução científica, os vampiros conseguiram deixar de ser monstros lendários para se tornarem cidadãos comuns. Essa mudança, que aconteceu do dia para a noite, deve-se a cientistas japoneses, que inventaram um sangue sintético, fazendo com que os humanos deixassem de ser o seu prato principal. Já os humanos ainda não se sentem totalmente seguros convivendo lado a lado com toda a legião de vampiros que está saindo de seus caixões.

Ao redor do mundo, cada um escolheu o seu lado a favor ou contra essa revolução, mas numa pequena cidade de Lousiana, as pessoas ainda estão formando a sua opinião. Sookie, garçonete de um pequena lanchonete, tem o poder de ouvir os pensamentos das pessoas e não vê problemas na integração desses novos membros à sociedade, principalmente quando se trata de Bill Compton, um atraente vampiro de 173 anos de idade. Mas ela pode vir a mudar de opinião, à medida que desvenda os mistérios que envolvem a chegada de Bill a sua cidade.

Elenco Principal:

Anna Paquin como Sookie Stackhouse
Stephen Moyer como Bill Compton
Ryan Kwanten como Jason Stackhouse
Sam Trammell como Sam Merlotte
Rutina Wesley como Tara Thornton
Alexander Skarsgård como Eric Northman

Elenco Secundário:

Nelsan Ellis como Lafayette Reynolds
Carrie Preston como Arlene Fowler
Deborah Ann Woll como Jessica Hamby
Kristin Bauer como Pam
Jim Parrack como Hoyt Fortenberry
Adina Porter como Lettie Mae Thornton
Todd Lowe como Terry Bellefleur
William Sanderson como Bud Dearborn
Lois Smith como Adele Hale Stackhouse

Abertura

Indicada ao Emmy na categoria de melhor abertura foi criada pela Digital Kitchen, um estúdio de produção, que também foi responsável por criar a abertura dos seriados Six Feet Under e Dexter. A abertura tem como musica de fundo a canção "Bad Things" de Jace Everett, e conceitualmente, é construida a partir da mistura de imagens contraditórias que envolvem sexo, violência e religião, projetadas ao ponto de vista do "sobrenatural".

Desejava também explorar idéias de redenção e perdão, além de reproduzir a atmosfera típica de Lousiana, pois a maioria das imagens utilizadas na abertura foi filmada por quatro dias nesta cidade, além de gravações em Chicago com pequenas participações de vários membros da Digital Kitchen na abertura.

Na edição da abertura, quis expressar-se o "fanatismo religioso" e "energia sexual", que podem corromper o homem e torná-los animalescos. Assim, vários quadros foram cortados para dar uma sensação de movimentos agitados, enquanto outras cenas foram simplesmente jogados, e alguns exibidas no slow motion. Alguns cortes, tal como a decomposição de um animal, foram feitos digitalmente, e algumas cenas produzidas quadros por quadros.

Mitologia

Dentro do universo ficcional retratado em True Blood, a série traz uma realidade com a existência de várias criaturas sobrenaturais, tais como telepatas, metamorfos e vários outros. O seriado dá enfoque aos vampiros e sua mitologia, pois, dois anos antes dos eventos que ocorrem durante a série os vampiros "saíram do caixão" quando cientistas do Japão inventaram uma forma sintética de sangue chamada "True Blood". Com isto, estes não necessitam mais do sangue humano para sobreviver e são capazes de se integrar na sociedade humana, desenvolvendo assim uma trama que traz o preconceito e a "luta" entre raças e por direitos vampiricos como enfoques principais.

Crédito das imagens: Divulgação HBO Home Entertainment - Brasil/ youtube

Clique no link abaixo para assistir a abertura do seriado:

True Blood Opening Credits

domingo, 10 de abril de 2011

A Guerra dos Tronos – a nova série da HBO

Sempre gostei muito de literatura fantástica. Recentemente ganhei de presente da minha mãe, um exemplar do romance de autoria de George R.R. Martin, “A Guerra dos Tronos – Livro um de As Crônicas de Gelo e Fogo” (Texto Editores, uma editora do grupo Leya).

Não imaginava que a obra do escritor, que trabalhou dez anos em Hollywood, como roteirista e produtor de muitas séries e filmes de sucesso, é atualmente a saga de fantasia mais vendida dos últimos anos, vencedora de diversos prêmios, e agora também uma das mais importantes produções da HBO em 2011, a série “Game of Thrones”.

A data oficial de sua estreia nos Estados Unidos é 17 de abril, exatamente daqui a uma semana. A SF Reviews, publicação especializada em ficção científica e fantasia, afirma que “a guerra dos tronos é a mais importante obra de fantasia já criada desde que Bilbo encontrou o anel”. Quando George R.R. Martin começou a escrever “A Game of Thrones”, em 1991, talvez ele não imaginasse que estava criando a saga de fantasia mais importante dos últimos 50 anos, equiparada apenas à obra-prima “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien.

Tendo trabalhado como roteirista das séries de TV, “Além da Imaginação” e “A Bela e a Fera”, Martin deu um tempo em sua carreira hollywoodiana para se focar em seu livro, e o resultado não podia ser mais acertado: “A Guerra dos Tronos” (como foi batizado por aqui) é simplesmente um dos melhores livros de literatura fantástica de todos os tempos – e um dos melhores que eu já li.

A história por si só é diferente da grande maioria do que já foi feito na literatura de fantasia: não há um herói lutando contra as forças do Mal, não há (muitas) criaturas fantásticas ou animais falantes, não há o grande vilão a ser destruído, e não há o “felizes para sempre” no final. Martin joga todos os clichês do gênero no ralo e concebe uma trama única, onde ninguém é confiável, ninguém está a salvo, e cada personagem é desenvolvido com perfeição ao longo da história.
Tudo começa quando Eddard “Ned” Stark, lorde de Winterfell (interpretado por Sean Bean, o Boromir de “O Senhor dos Anéis”), aceita o cargo de “Mão do Rei” oferecida por seu velho amigo, o rei Robert Baratheon (Mark Addy, de “Os Flintstones”, “Robin Hood” e “Coração de Cavaleiro”).
A Mão anterior a ele morreu sob circunstâncias misteriosas, e Ned desconfia que o próprio Robert possa estar em perigo.

A partir daí que a trama tem início, com vários personagens se enfrentando por um único motivo: o Trono de Ferro, que garante o poder sobre os Sete Reinos. É claro que cada um tem suas motivações pessoais, mas é basicamente a conquista do Trono que motiva a maioria das conspirações, intrigas, lutas e assassinatos que permeiam a história. Para garantir um maior realismo, Martin opta por saídas muito originais, especialmente na narrativa não-linear, com alguns “buracos” deixados propositalmente na história, e que são preenchidos mais à frente, em flashbacks ou citações, o que pode deixar a história um pouco confusa para o leitor menos atento.

Além disso, cada capítulo é contado sob o ponto de vista de um personagem, o que ajuda na construção impecável da personalidade de cada um (para se ter uma idéia, o autor chega ao ponto de mudar discretamente de linguagem de um capítulo para outro – note nos capítulos focados em Sansa Stark (Sophie Turner) , por exemplo, que ele usa mais palavras no diminutivo, e adjetivos como “delicado”, “embaraçoso” e “galante”).

É esse justamente, o maior mérito de Martin: criar personagens que obedecem às suas crenças, sejam elas quais forem. Alguns podem ser subaproveitados, como a Rainha Cersei Lannister (Lena Headey, de “300”, “O Exterminador do Futuro, as Crônicas de Sarah Connor) mas todos guardam características tão humanas que é impossível não se identificar, “entrar” na história, entender os motivos de cada um, chorar, sofrer, se apaixonar junto deles.

Talvez, por isso, a série da HBOGame of Thrones” seja tão aguardada. Particularmente, acredito mesmo estar prestes a assistir uma das melhores séries de TV já produzidas. Toda a dedicação e cuidados com os detalhes, bem como a preocupação com a fidelidade à obra original, mostram que As Crônicas de Gelo e Fogo ganharão vida à altura, despertando toda uma nova geração de leitores e telespectadores ao fascínio do universo criado por George R.R. Martin.

Para assistir ao vídeo promocional da nova série da HBO, clique no link abaixo:


Crédito das imagens: Divulgação HBO 

sábado, 9 de abril de 2011

Zorro, Batman, Homem-Aranha, Spock, Xena: a evolução da espécie

Conheci o amigo Ralfo Furtado em 1992, graças à Frota Estelar Brasil, clube criado para reunir os fãs de ficção científica e celebrar Jornada nas Estrelas. Naquela época, já acompanhava suas apresentações e dissertações sobre estes assuntos, bastante interessado.

Mais tarde, quando juntamente com Paulo Gustavo Pereira, produzimos o especial "Uma Jornada de 30 anos" para a TV Record, tive a honra de entrevistá-lo numa convenção realizada no Parque do Anhembi. Recentemente, pude reencontrá-lo em sua loja "USS Brazil", um verdadeiro paraíso para os fãs de séries do passado e de sempre em nossos corações. Na verdade, ele é o padrinho real deste TV tudo isso. Acompanhe abaixo, o texto super bem humorado, produzido por ele, a respeito dos heróis cultuados por muitos de nós, desde a infância.

Texto de Ralfo Furtado:

Deveria ter escrito no título “a evolução do espécime”, no caso, eu, um membro da espécie humana. Como não tenho tempo de pesquisar todo mundo, vou escrever só da minha evolução, a parte da espécie humana que me diz respeito, uma pequena amostra do todo, o microcosmo do macrocosmo. Essa última parte da frase deu um certo ar de estudo científico.

Pois o Zorro foi minha primeira referência, na infância. Tanto que desenhei, talvez aos 5 ou 6 anos de idade, meu pai, com máscara de Zorro e chapéu, montado no meu cavalinho de cabo-de-vassoura. Meus heróis. Meu pai me comprava os gibis do Zorro e eu vivia confuso, pois ora o Zorro tinha cavalo preto, espada e capa e vivia em Los Angeles e, em outras revistas, tinha cavalo branco, revólver com balas de prata e patrulhava no Texas. Não é fácil ser fã brasileiro, mesmo mirim. Só muito recentemente desfiz essa confusão mental, e olha que poderia ter me gerado um trauma, coisa para analista, regressão de idade, essas coisas. Tive sorte, o Batman me salvou. Mas vamos voltar aos Zorros só mais um pouquinho.

O Dom Diego de la Vega era rico, ganhava mesada do pai, Dom Alejandro, que lhe custeou os estudos na Europa. Não precisava trabalhar, mas resolveu se vestir de preto e pular, à noite, de telhado em telhado para defender El Pueblo de Nuestra Señora La Reina Los Angeles de Porciúncula. Era uma vida secreta e o amigo dele, o Bernardo, não contava nada para ninguém, porque era mudo. Era um cara muito esperto e era chamado de “zorro” pelo povo da Califórnia, que quer dizer “raposa” em espanhol. O personagem foi criado, em 1919, pelo escritor norte-americano, Johnston McCulley.

O outro sujeito mascarado, que no Brasil também era vendido como “Zorro”, de chapéu branco e cavalo branco chamado Silver (prata, em inglês) era, na verdade, o “Lone Ranger” (Patrulheiro Solitário) e andava pelo Texas em uma época muito depois do outro, quando a região toda já pertencia aos Estados Unidos e não mais à Espanha, como resultado de uma guerra. O personagem foi criado, em 1933, por George Trendle e Fran Striker, para um programa de rádio da cidade de Detroit, estado do Michigan.

A confusão, no Brasil, é tanta que, até hoje muita gente jura que o nome do cavalo do Zorro era Silver. Mas “Aiôu, Silver!” quem gritava era o texano, que nunca mostrou sua identidade secreta. Ele também era rico e tinha uma mina de prata. Também não precisava trabalhar, vivia da renda da mina, onde tinha empregados. As balas dos seus revólveres (ele tinha dois e atirava com ambas as mãos) eram de prata e isso distinguia seus tiros dos de outras pessoas, embora ele atirasse muito pouco, por ser contra a violência e, lógico, seus tiros custarem muito mais caro. Seu amigo, numa época em que não havia o patrulhamento do politicamente correto, era o índio Tonto. Hoje em dia, não seria possível chamar um índio assim.

Tanto em um caso quanto no outro, eram solitários. O segundo, já tinha a palavra no sobrenome. Um amigo mudo ou um índio Tonto não aliviavam o fato. Então eu cheguei ao Batman. Não só eu, mas o próprio criador do herói, Bob Kane, declarou que se inspirou no Zorro para criá-lo em 1939.

O Batman também tem máscara e capa, salta pelos telhados da cidade, defende o povo contra os malfeitores e, o seu alter ego, Bruce Wayne, é rico. Ao invés de cavalo, batmóvel, bat-helicóptero, bat-plano e tudo o que quisesse. Mas também vivia uma vida secreta e era notívago, introspectivo, observando a vida lá embaixo, do alto de algum prédio.

Eu sempre gostei de vagar pela noite, era filho único e desenvolvi o costume de subir na casa e sentar no telhado, à noite, para refletir nas coisas, lunático que sempre fui, ou levava o violão para tocar sentado sobre algum túmulo do cemitério de Nova Granada (SP). Um dia, conheci o Homem-Aranha, acho que não foi no cemitério de Nova Granada, mas com meu amigo Adel (hoje, vice-prefeito de Jacareí), esse era nosso “elo de ligação” (discordo que este seja um caso de pleonasmo: há elos sem ligação, como o Serra e o Kassab ou o Alkmin e o Afif) e hoje é o meu filho Rodrigo, o menino-aranha, que ganhou o nome por insistência do Adel, que tem um filho homô(ops)nimo.

O super-poder “dos Zorros” ou do Batman era a riqueza. Spider-Man, criado por Stan Lee e Steve Ditko, em 1962, não é rico, muito pelo contrário, é um garoto miserável. Tanto que foi picado por um inseto radioativo. Como comparação, um super-herói brasileiro seria picado pelo aedes egypt e contrairia dengue tipo 4.

O maior super-poder do Homem-Aranha, no entanto, e foi o que eu introjetei na minha personalidade, é ser tagarela, falar bobagem pelos cotovelos, com muito sarcasmo e ironia, mantendo o bom humor até nas piores situações, irritando seus oponentes. Eu detonei meu primeiro casamento com esse super-poder. É um tique nervoso que se transforma em um mecanismo de defesa, uma arma para manter a adrenalina fluindo. Quando ele tira a máscara, vira o Peter Parker tímido, deprimido, chato, foto-jornalista freelancer e entregador de pizza, sempre na pendura, literalmente, e... solitário.

Até se casar com a Mary Jane, talvez.

De todos os meus heróis, o Aranha é sempre “atual”. Spock está no futuro. Um futuro em que não há mais guerras, doenças e nem dinheiro. Não só o planeta Terra tem um governo único, como participa de uma federação de planetas, uma espécie de ONU planetária da paz. Uma utopia quase total. O criador de Jornada nas Estrelas (“Star Trek”), em 1964, Gene Roddenberry, no entanto, dizia que não tinha a intenção de fazer ficção científica, mas uma produção sobre relacionamento humano: tanto fazia o cenário ser a astronave Enterprise, um escritório comercial ou a Casa dos Artistas. É o BBB do espaço, então, é a respeito de como os seres humanos reagem a longos períodos de convivência.

O estranho no ninho é o Spock, que não é humano. E só não se sente solitário e deslocado porque não tem sentimentos, ou pelo menos luta contra eles. Spock é o cérebro, a lógica, a razão dominando a emoção, o acúmulo de conhecimento, a exatidão. Eu uso direto uma fivela com o rosto do Spock gravado. Eu troco o cinto há anos, mantendo sempre a mesma fivela. Eu chamo o “Spock” dentro de mim, meu lado lógico, quando preciso encontrar uma solução. Meu amigo Marcelo diz que eu tomo decisões vulcanas.

Mas o Spock também é ingênuo, quase infantil, não tem a malícia, a ginga dos humanos. E, conforme a tradição de todos da sua espécie, os vulcanos, ele só transa a cada sete anos, o que é uma frequência inferior a de muitos fãs da série, os trekkers. Um dos motivos talvez seja a quase inexistência de fêmeas da espécie, ou seja, mulheres trekkers. São jóias raríssimas. A dificuldade da maioria das mulheres em entender ficção científica é muito superior ao interesse dos homens pelas novelas de televisão.

O ator que encarnou o papel, Leonard Nimoy, virou ícone dos fãs de ficção científica, mas escreveu um livro (“Eu Não Sou Spock”) em que tentava se livrar do personagem, para ser lembrado para outras coisas na vida. Tempos depois, jogou a toalha, e reescreveu o livro (“Eu Sou Spock”) quando caiu a ficha que era assim que seria sempre lembrado. Além desse conflito de personalidade, foi ilógico e fumou a vida toda, ao ponto de, sendo quatro dias mais novo que seu colega William Shatner, o “Capitão Kirk”, parece bem mais velho enquanto o outro ainda esbanja saúde e atua em série própria de televisão.

Xena foi inventada pelo próprio marido. Ou melhor, a atriz que a interpretou, Lucy Lawless, se casou, durante a realização da série, com o produtor do programa desde 1997, e teve dois filhos com ele. Um dos meninos foi gestado ao longo de vários episódios do quinto ano da série: a personagem Xena teve que ficar grávida também em cena para incluir a barriga verdadeira no figurino.

Lucy e Robert Tabert, os dois meninos e a filha do primeiro casamento dela, continuam morando em um paraíso chamado Nova Zelândia (apesar de eventuais terremotos ou vulcões), de onde ela é natural e onde a série foi filmada (fazendo de conta que era a Grécia) como sequência de outra série, Hércules, também feita lá pelo Robert Tapert e seu amigo de infância, Sam Raimi (que dirigiu os três filmes do Homem-Aranha). Lucy é uma mulher e mãe exemplar em seu país, encarnando campanhas filantrópicas variadas, como a de incentivo à amamentação infantil e fazendo parte do conselho do Starship Hospital, hospital infantil de Auckland, ao mesmo tempo que se dedica à carreira paralela de cantora de voz fantástica.

Atualmente, empresta seu corpão e cabelos, agora ruivos, à personagem Lucrécia na nova série produzida e dirigida pelo marido, “Spartacus”.

Xena, ao contrário do Spock, é intuição pura. Ela é quente, é animal, é sensual. É muita emoção. Eternamente tem que expurgar seu íntimo sombrio, consertar o passado. E conseguiu nunca se sentir sozinha, nem morta. Além de ter encontrado alguém que a complete em vida, tem todos os deuses do Olimpo para lhe fazer companhia eterna, especialmente o da guerra, Ares.

O que eu aprendi assistindo a série causou um rebuliço na minha vida nos últimos onze anos e eu carrego um pingente num cordão, no meu pescoço, relativo a ela, desde então. Xena mudou minha vida. Foi um furacão. Frases memoráveis da série ecoam na minha cabeça sempre que eu preciso delas. É minha Xena interior que eu evoco na batalha do dia a dia em São Paulo, talvez o mais “macho” dos meus heróis, todos muito sensíveis, muito complicados. Ela descomplica, sobe nas tamancas, saca a espada, grita e dá uma cambalhota.

Na verdade, diariamente, eu sou um pouco de cada. Chamo o Spock para usar a cabeça, uso a Xena para ter energia e vivacidade, deixo o Homem-Aranha fazer gracinhas como mecanismo de afirmação e dirijo solitário meu batmóvel, tarde da noite, quase todos os dias. Deixo aqui uma análise bem encaminhada para qualquer terapeuta um dia ter menos trabalho, ou uma bula para minha atual esposa.

É evidente que não é só isso. Nenhum dos assuntos se esgotam aqui. De onde saíram essas abobrinhas há uma horta esperando para ser colhida.

Vida longa e próspera, pelos deuses.

Ralfo Furtado é professor universitário da Estácio Portal Estácio  há 2 anos, co-apresentador há 5 anos do Programa São na http://www.alltv.com.br/ ,  jornalista da http://www.cargapesada.com.br/ há 26 anos, sócio da http://www.ussbrazil.com/ há 16 anos, advogado há 30 anos, mas se considera cartunista há 35 anos.

Crédito da Ilustração: Ralfo Furtado

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Retrô-TV – O Túnel do Tempo

Albert Einstein afirmava em sua Teoria da Relatividade que o tempo deveria ser visto como uma quarta dimensão, assim como as outras três, largura, altura e comprimento. A premissa básica seria: Por quanto tempo um objeto fica num determinado local do espaço, até que seja movido dele? Estabeleceu-se assim, a relação do objeto ou corpo com o conceito de espaço-tempo.

Viagens no tempo foi o assunto preferido enfocado em importantes produções cinematográficas como “A Máquina do Tempo” (duas versões em 1960 e 2002), “Linha do Tempo” (2003), “Um Século em 43 minutos” (1979), “Peggy Sue, seu passado a espera” (1986), “Em algum lugar do passado” (1980), “Feitiço do Tempo” (1993) e é claro, a divertida trilogia: “De volta para o futuro” (Back to the future – 1985, 1989 e 1990), entre muitas outras.

Irwin Allen também produziu de 1966 a 1967, a sua série de TV sobre o tema: O Túnel do Tempo.

A série contava as aventuras de dois cientistas que se perdem pelo tempo durante as primeiras experiências com o projeto secreto mais ambicioso dos EUA em 1968 (!!!), o Túnel do Tempo. Eles viajam para várias épocas no passado e algumas poucas vezes para o futuro presenciando diversos fatos históricos e conhecendo algumas figuras importantes da história da humanidade.

Mas, em alguns dos episódios do seriado, os cientistas Tony Newman (James Darren) e Douglas Philips (Robert Colbert) também se deparam com visitantes do espaço.

Um dos encontros acontece no episódio “Um Mundo Além das Estrelas" (Visitors From Beyond The Stars) – um dos meus preferidos -, onde os dois viajantes temporais acabam a bordo de uma espaçonave alienígena conduzida por dois seres com aparência humanóide e pele prateada. Eles alegam serem de um planeta chamado Alfa 1 onde, apesar de seu evidente avanço tecnológico, a população cresce de forma desordenada.

Tony e Doug ficam estupefatos quando descobrem,  surpresos, que na realidade, estão no Arizona em 1885.

No laboratório do Túnel do Tempo, onde tudo o que se passa com os dois viajantes pode ser observado, todos demonstram sua surpresa ao se depararem com a evidência de presença alienígena na Terra e nos EUA do século XIX.

É nessa cena que fica clara, a evidente influência das idéias de Erick Von Daniken (autor de “Eram os Deuses Astronautas”): Nela, o Doutor Raymond Swain (John Zaremba) demonstra sua descrença na visita de seres do espaço no passado, ao que o General Heywood Kirk (Whit Bissell), retruca dizendo “haver relatos sobre visitantes do espaço desde os tempos bíblicos”. Trata-se de uma interpretação realizada em cima do conceito e da menção às "carruagens de fogo".

Trata-se de ponto de vista defendido também no clássico livro de Von Daniken.

Os alienígenas atacam uma cidadezinha chamada Mullins, onde começam a saquear todo o alimento disponível e pretendem estabelecer uma base segura para a chegada da força invasora que será enviada por Alfa 1.

Tony e Doug, no final, conseguem deter os invasores, depois de Doug ter sido praticamente tomado mentalmente por eles. Quando a equipe do Túnel se prepara para enviar Tony e Doug para outra zona temporal, outros dois seres prateados se materializam no laboratório do Túnel.

Os ET’s desejam recuperar a espaçonave com aqueles dois seres perdidos, desde que a invasão contra o mundo fracassara, em 1885, e ameaçam destruir o Túnel e a Terra caso não consigam recuperá-la.

Os cientistas do Túnel conseguem localizar a espaçonave e os dois seres se dão por satisfeitos. Antes de partirem, porém, revelam que já visitaram a Terra diversas vezes e que não mais precisam roubar alimentos de outros mundos.

Tony e Doug eram sempre monitorados em suas aventuras, por uma equipe que permanecia no laboratório e os acompanhavam em seus deslocamentos no tempo através de imagens que recebiam pelo Túnel do Tempo.

A equipe de cientistas do Túnel estava sempre tentando encontrar um meio de trazê-los de volta, ou então tentavam ajudá-los por intermédio dos recursos de que dispunham, como precárias transmissões de voz ou envio de armas ou equipamentos, quando possível.

Quando tudo falhava, tiravam-nos de uma época e os enviavam para alguma outra data incerta do passado ou do futuro, dando início a um novo episódio.

Eventualmente, membros da própria equipe ou convidados viajavam ao encontro dos cientistas perdidos, também com o intuito de ajudá-los nas situações de perigo. Também acontecia, de vez em quando, da equipe ou seres estranhos conseguirem interferir no destino das viagens. Nesse caso, os cientistas recebiam diferentes missões a serem cumpridas nos locais onde eram enviados.

Nos episódios eram utilizados imagens de arquivo de filmes do estúdio da Fox, tanto os mais recentes, como O Mundo Perdido, ou mesmo filmes históricos mais antigos como Príncipe Valente. Também eram reaproveitados cenários e figurinos de outras séries de Allen que estavam sendo produzidas na mesma época, como Viagem ao Fundo do Mar.

Devido ao elevado custo de produção, para os padrões da época, esse seriado durou apenas uma temporada, com a produção de 30 episódios.

A bela atriz Lee Meriwether interpretava a Dra. Ann MacGregor, membro da equipe de cientistas que monitorava o Túnel do Tempo. Na mesma época, os anos sessenta, ela participou de outras séries importantes como a “trash” Batman, onde viveu a célebre Mulher-Gato e Missão Impossível, como mais uma das agentes do esquadrão de elite MI.

Crédito das Imagens: Divulgação Fox Filmes do Brasil

Confira o Promo da série da época, clicando no link abaixo:

Promo for THE TIME TUNNEL!!

sábado, 2 de abril de 2011

Retrô-TV - Jornada nas Estrelas - A Nova Geração

Não é possível conversar sobre o impacto das séries de ficção científica na televisão mundial, sem falar sobre Jornada nas Estrelas - A Nova Geração (1987). Sutilmente diferente da série original, dos anos 60, que contra as aventuras e desventuras da tripulação da nave estelar Enterprise com Kirk, Spock e McCoy, a releitura do criador Gene Roddenberry pôde abordar muitos novos temas e mergulhar em ficção científica de muita qualidade. Entre os principais fãs do programa de TV, estava o físico teórico e cosmólogo Stephen Hawking, um dos maiores cientistas da atualidade.

Para falar deste importante assunto, convidei o amigo Roosevelt Garcia, um outro grande apaixonado por séries. Acompanhe o texto preparado por ele sobre Jornada nas Estrelas - A Nova Geração e bom entretenimento!

Texto de Roosevelt Garcia:

Quem é esse careca sentado na cadeira de Capitão? Como ele ousa sentar no lugar mais importante da nave de nome mais sagrado da Federação? Certamente esse pensamento passou pela cabeça de milhões de fãs de Jornada nas Estrelas espalhados pelo mundo, em 1987, quando estreou a herdeira de Kirk e companhia: a ousada Jornada nas Estrelas – A Nova Geração.

Desde o final dos anos 70, trazer as aventuras da Enterprise de volta à TV já estava nos planos de Gene Roddenberry e da Paramount. A nova série, batizada naquela época de Star Trek Phase II, traria a mesma tripulação da missão original, levada ao ar nos anos 60. O ônibus espacial acabara de ser construído, e graças aos fãs da série, acabou sendo batizado de Enterprise. Roteiros foram escritos, alguns até por grandes escritores da série original, como D.C Fontana. Mas, os planos mudaram vertiginosamente graças àquela que muitos consideram a grande rival do Universo Trek. Mudaram por causa de Star Wars.

O longa metragem de George Lucas fez um sucesso estrondoso e inesperado nos cinemas, o que levou a Paramount a abortar a idéia de trazer Star Trek de volta à TV, e lançá-la  como um longa metragem do cinema. Assim, tivemos o primeiro dos filmes com a tripulação original. A série de TV teria que esperar mais um pouco.

Finalmente, quase 10 anos depois, A Nova Geração deu finalmente as caras na telinha. Na timeline de Star Trek, esta série se passa mais ou menos 85 anos depois das aventuras da Enterprise original,  e assim, Gene Roddenberry resolveu ousar na tripulação. Colocou um Klingon na ponte de comando, o que deixaria o Capitão Kirk de cabelos em pé. Colocou também um andróide, ou uma “forma de vida artificial”, e um imediato com a cara do antigo capitão, só pra deixar os antigos fãs mais calmos. Além disso, comandando a nave, deixou um capitão francês com cara e trejeitos de diplomata, especialista em fazer reuniões com a tripulação por qualquer motivo.

A produção da série tinha algumas dificuldades básicas. Se as estórias se passariam quase 100 anos depois de Kirk e Spock, muita coisa deveria ter evoluído tecnologicamente. Gene Roddenberry contratou desde de desenhistas de produção até engenheiros da NASA pra criarem o que seria o futuro do futuro. Assim, surgiram itens que nem sequer eram imaginados na série original, como o processador de alimentos que funciona como um teletransporte, o comunicador em forma de emblema da Frota, e a mais espetacular de todas: o Holodeck, que poderia simular qualquer ambiente, e era usado tanto para treinamento quanto para recreação.

Muitos dos artefatos criados nos anos 60 para a série original não precisaram esperam até o século 23 para serem reais, elas já existem hoje. Mas, infelizmente, o teletransporte e o holodeck, esses vão demorar um pouco ainda.

A série estreou sem muito alarde, e foi a primeira série a ser exibida exclusivamente em syndication, na sua temporada de estréia. Isso significa que nenhuma grande rede nacional exibia a série para todo o país ao mesmo tempo. Os episódios eram exibidos por pequenas emissoras locais, o que acabou se mostrando uma grande idéia. Sendo negociada individualmente com pequenas redes e pequenos patrocinadores, garantiria à série uma boa longevidade.

Infelizmente, pouco se aproveita da primeira temporada. Os personagens ainda estavam sendo delineados, e os roteiros, em sua maioria, eram bem fracos, e até com releituras de episódios da série original. É de se estranhar que a série tenha sobrevivido à primeira temporada. Felizmente sobreviveu.

A partir da segunda temporada, a série ganhou identidade própria, seus personagens principais já não eram sombras da série clássica, tinham vida, sabiam onde iam e porque iam. Até o comandante Riker, contratado porque se parecia com o capitão Kirk, foi desvinculado dessa imagem por uma protuberante barba, e finalmente ele poderia ser ele mesmo. Os roteiros melhoraram significativamente, mesmo aquele reaproveitado de um episódio não filmado da “falecida” Star Trek Phase II. Nem a grave de roteiristas naquele ano comprometeu a qualidade das estórias. São dessa temporada os primeiros episódios de sagas importantíssimas na série toda, como a da evolução dos Borgs, e a da honra do Tenente Worf, estórias complexas divididas ao longo dos sete anos da série, que devem ser devoradas por qualquer fã de uma boa ficção científica.

Nos anos que se seguiram, a série teve altos e baixos, muito mais altos do que baixos, pra alegria dos fãs.

No último episódio do terceiro ano, “O Melhor de Dois Mundos”, a série inovou mais uma vez: terminou o episódio com um cliffhanger, ou seja, sem uma conclusão, deixando para o primeiro episódio da temporada seguinte a resolução da estória. Quem assistiu na época, teve que esperar quase 6 meses pra ver o final. Isso acabou se repetindo nas outras temporadas, e depois foi imitado por diversas outras séries, até hoje.

Preparei uma pequena lista de episódios “mais que imperdíveis” ao longo de toda a série, mas recomendo altamente que você veja TODOS os episódios. Confira a seguir:

Ano 1:
ep 13 - "Datalore" - primeira aparição do "irmão" do Data. É importante porque ele volta no decorrer da série
ep 14 - "11001001" - os seres "binários" raptam a Enterprise
ep 23 - "Skin of Evil" - morte da Tasha Yar (no episódio anterior Symbiosis, ela dá um tchauzinho pra câmera na última cena em que ela aparece)


Ano 2:
ep 34 - "A Matter of Honor" - Riker faz um intercâmbio, servindo como primeiro oficinal numa nave Klingon
ep 35 - "The Measure of a Man" - Data é posto num tribunal para provar que é mais do que uma máquina
ep 37 - "Countagion" - Um vírus de computador pode provocar a destruição da Enterprise
ep 39 - "Time Squared" - Um Picard do futuro aparece na nave, depois que sua Enterprise foi destruída

Ano 3:

ep 49 - "Evolution" - Wesley desenvolve nano-robôs, que se tornam uma nova forma de vida
ep 52 - "Who Watches the Watchers?" - Picard é confundido com Deus por uma colônia de humanóides observados pela Federação
ep 55 - "The Enemy" - Geordi fica preso num planeta junto com um romulado, e eles têm que se aliar pra sobreviver (parecido com o filme Inimigo Meu)
ep 63 - "Yesterday´s Enterprise" - A Enteprise C aparece numa fenda espacial, e todo o tempo presente é mudado. Tasha Yar não morreu,por exemplo
ep 64 - "The Offspring" - Data constroi um androide com a mesma tecnoligia dele.
ep 71 - "Sarek" - o pai de Spock está de volta, e está com uma doença degenerativa

Ano 4:

ep 79 - "Remember Me" - Pessoas vão sumindo e ninguém se lembra delas, somente a doutora Crusher
ep 82 - "Future Imperfect" - Riker contrai uma doença, e acorda 15 anos depois, quando já é capitão da Enterprise

Ano 5:

ep 107 e 108 - "Unification parte 1 e 2" - Spock está tentando reunificar os vulcanos e os romulanos, que descendem de um mesmo povo.
ep 118 - "Cause and Effect" - a Enterprise entra num lapso temporal em que é destruída repetidas vezes
ep 125 - "The Inner Light" - Picard desmaia e acorda num planeta desconhecido, onde vive uma vida inteira como lider da comunidade

Ano 6:

ep 130 - "Relics" - A Enterprise encontra os destroços de uma nave há muito desaparecida. No sistema de teleporte da nava, um padrão ainda está intacto: o do Sr. Scotty
ep 144 - "Starship Mine" - Uma espécie de "Duro de Matar" na Enterprise. Picard tem que lidar com terroristas

Ano 7:

ep 163 - "Parallels" - Worf passa por uma anomalia, que o leva a um universo paralelo
ep 164 - "The Pegasus" - Riker encontra seu antigo capitão, que quer procurar sua nave que tinha uma tecnologia proibida pela Federação
ep 177 e 178 - "All Good Things" - último episódio da série. Picard fica pulando entre 3 épocas da sua vida, sem qualquer controle, e não sabe porque.


Além desses episódios avulsos, existem sagas completas que foram divididas entre todos os anos. As principais são:

Os Borgs

ep 42 - "Q-Who?" - ano 2
ep 74 - "The Best of Both Worlds - parte 1" - ano 3
ep 75 - "The Best of Both Worlds - parte 2" - ano 4
ep 123 - "I, Borg" - ano 5
ep 152 - "Descent - parte 1" - ano 6
ep 153 - "Descent - parte 2" - ano 7

A Honra do Worf

ep 20 - "Heart of Glory" - ano 1
ep 46 - "The Emissary" - ano 2
ep 65 - "Sins of the Father" - ano 3
ep 77 - "Brothers" - ano 4
ep 100 - "Redemption - parte 1" - ano 4
ep 101 - "Redemption - parte 2" - ano 5
ep 142 e 143 - "Birthright - parte 1 e 2" - ano 6


Pra terminar, uma curiosidade: você ouve músicas em mp3? Tem algum MP3 Player, ou Ipod, ou vê vídeos na internet? Pois saiba que você deve tudo isso a Jornada nas Estrelas – A Nova Geração. Quando a série foi ao ar no final dos anos 80, começo dos 90, num dos episódios, Data dizia ao computador da nave o que ele queria ouvir, diversas músicas ao mesmo tempo. Um dos engenheiros da Apple, fã de carteirinha da série, se deparou com esta cena e pensou numa forma de guardar músicas no computador para ouvir a hora que quisesse.

Os CDs já existiam, e já traziam as músicas em formato de dados, mas esses dados eram muito complexos e pesados, e os computadores da época não tinham poder de processamento suficiente para executar um arquivo daquele tamanho, e nem capacidade em disco pra armazenar dezenas ou centenas de músicas. Então ele pensou que poderia “simplificar” o arquivo, se retirasse todos os sons inaudíveis ao ouvido humano, e compactasse o que sobrava. Ele tinha acabado de inventar o mp3 e o Quicktime, o primeiro software capaz de fazer isso. Mais uma vez, a ficção de Jornada inspirou a vida real, como vem acontecendo há mais de 40 anos!

Assim, se você é um fã fervoroso da série clássica, dê uma chance à Nova Geração. Ela não tem a química Kirk-Spock-McCoy, mas isso realmente não faz falta. Como a série clássica, tem bons e maus episódios, com a vantagem de ter tido mais de o dobro de episódios da original, o que lhe rendeu mais momentos memoráveis.

E se você já é um assíduo espectador da Nova Geração, veja de novo sempre que puder. Cada vez é como a primeira. Ou ainda melhor.

Roosevelt Garcia

Colecionador, fã de Irwin Allen e de Gene Roddenberry, e leitor assíduo no manual de instruções do kit do Júpiter 2, da Polar Lights!

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Crédito das Imagens: Divulgação Paramount